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A Montanha do Pico

"A montanha do Pico apresenta uma forma triangular, cuja base se estende por cerca de 40 km para rematar no celebrado cone, a  2351 metros de altitude.

A grandiosidade da ilha está, antes de mais, no aspeto sublime do seu Pico.

 

O pico do Pico, ex-libris açoriano, imaculado e solene, preciso, igual a si, único, atraente e majestoso. Um gigante furando nuvens, um foguetão de lava num arroubo de mistério.
Padre Coelho de Sousa, em artigo publicado no jornal «A União»

 

No cimo da montanha, há a considerar dos picos: o Pico Grande, de cuja cratera, com formato arredondado, se ergue o Pico Pequeno, num precioso arremedo.

 

No meio da ilha, o Pico, envolto no seu manto cinzento, assume a majestade do monte de Deus falou a Moisés.
Raul Brandão, em «As ilhas Desconhecidas»

 

A cratera do Pico Grande, denominada de « Eirado Grande», possui rebordos com cerca de trinta metros de altura e, sendo quase circular, o seu perímetro andará à volta de 700 metros1. Aí se levanta o Pico Pequeno ou «Piquinho», cuja altura orça por 70 metros.

Produto de fantasmagórico vulcão, a cratera do Pico Grande esteve inativa, desde há memória. Só o Pico Pequeno deita, de quando em vez, uma espécie de «fumarolas».

1 O diâmetro médio da cratera (Eirado Grande) calcula-se em cerca de 230 metros. Na sua maior dimensão, rondará pelos 300 metros.

Montanha do Pico

Um dos passeios favoritos, quer de naturais, quer de visitantes, está em ascensão ao cume do Pico. Do cimo, em dia límpido, abarca-se, numa panorâmica ímpar, a visão do mar e das demais ilhas do grupo central.

 

 A silhueta da ilha, vista de longe não é quebrada pela irregularidade das elevações montanhosas que há nela.
Daniel Alvernaz, em artigo publicado em «O Telégrafo»

 

Encetada a extenuante subida, os viandantes dormem na encosta, agasalhados nas Furnas, já a uma altitude de cerca de 1500 metros.    

No céu, por cima da caldeira do Pico, deu-se, certa vez, um acontecimento invulgar. Eram 13 horas do dia 6 de Setembro de 1947. Então, uma autêntica cruz de nuvens se formou, parte inferior assente no cocuruto do Pico. Muitos viram tal acontecimento, um sinal de Deus para que se erigisse ali uma cruz tão imponente quanto aquela formada pelas nuvens.

O sinal diluiu-se e a cruz, que muitos almejaram levantar, nunca passou de ideia sem concretização. Apesar de tudo a 15 de Agosto de 1953, uma pequena cruz de bronze foi implantada no Pico Pequeno, fazendo companhia a uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, cuja colocação se promoveu, em 1934, no Eirado Grande.

 

A montanha do Pico tornou-se, porém, sagrada. Uma celebração eucarística realizou-se, lá no alto, no meio da cratera. Dia extraordinário de fé, de oração, de penitência.

 

Mais de três mil pessoas subiram até ao Eirado Grande, 15 de Agosto de 1954! O dia que sagrou a montanha. O dia em que o sacrifício da cruz ali se desenrolou pela primeira vez…

No entanto, outra celebração eucarística, igualmente imponente, teve lugar no extremo do Pico, isto é, no cimo do Pico Pequeno. Realizou-se essa missa no dia 5 de Agosto de 1959.

Duas celebrações ficarão na história da ilha, embora muitas outras, após primeira, ali se tenham realizado. O Pico, montanha sagrada… onde Deus também falou, à semelhança do Sinai…

O Pico é terra de cristãos, desde orla marítima ao ponto mais alto. Ali tudo fala de espiritualidade, de amor, de sacrifício e de abnegação."

Autor - Guido Monterey

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